quinta-feira, 21 de março de 2013

Maior réptil pré-histórico voador da América do Sul

Já imaginou estar a caminho da escola e ser surpreendido por um vôo rasante do animal abaixo? Calma! Ele viveu há mais de 65 milhões de anos e hoje é objeto de admiração no Museu Nacional do Rio de Janeiro.



Veja a reportagem retirada do site da Academia Brasileira de Ciências.

Bons estudos!
Grupo de pesquisa coordenado por Acadêmico descobre fósseis de pterossauro brasileiro

O Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) organizou, no dia 20 de março de 2013, uma coletiva de imprensa para apresentar o maior fóssil de pterossauro já encontrado no hemisfério sul. O réptil voador, cuja abertura alar media cerca de 8,5 metros, teve seu fóssil descoberto em escavações de pesquisadores brasileiros na Chapada do Araripe, que se localiza na divisa entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.  
A ordem dos pterossauros foi extinta, juntamente com a maioria dos demais dinossauros, no final do período cretáceo, algo em torno de 65 milhões de anos atrás. Segundo o Acadêmico Alexander Kellner, editor dos Anais da ABC e um dos arqueólogos envolvidos na descoberta, é muito grande a dificuldade encontrada pelos pesquisadores em resolver quaisquer questões envolvendo esses animais. "Eles não eram diferentes apenas entre si. Eram também diferentes de tudo aquilo que existe hoje em dia", afirmou o organizador da coletiva, ressaltando também o pequeno número de depósitos com fósseis bem preservados do grupo.  
 
A Formação Romualdo, parte da Chapada do Araripe, é uma clara exceção à regra. Definida pelo paleontólogo e Membro Titular da ABC Diogenes de Almeida Campos como "um dos mais importantes depósitos fossilíferos do Brasil", os fósseis lá encontrados apresentavam pouca ou nenhuma distorção. O chefe do Museu de Ciências da Terra - cujo acervo agora se encontra sob a responsabilidade da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e não mais do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) - realizou uma rápida contextualização sobre a região, que também abriga a primeira floresta nacional do Brasil, a Floresta Nacional de Araripe. 

Importantes componentes faunísticos


Além do já citado exemplar de pterossauro - o qual, atribuído à espécie Tropeognathus cf. mesembrinus, se destaca pelo estado avançado de preservação de seu esqueleto - o grupo de pesquisadores encontrou mais dois fósseis desses répteis alados. Do primeiro, que apresentava abertura alar de mais de cinco metros, foi encontrada apenas uma das asas e os especialistas acreditam tratar-se de um animal ainda em fase de crescimento na data de sua morte. Quanto ao segundo, foi descoberto um fragmento bastante incompleto de seu úmero, osso que compõe a porção esquelética do braço. De acordo com Kellner (na foto à esquerda), apesar de desgastado, esse fragmento chama atenção por ser o maior já encontrado no Brasil. Os exemplares pertencem a um grupo conhecido como Anhangueridae, o qual, no Brasil, se divide em dois gêneros: Anhanguera e Tropeognathus. "Sempre se soube muita coisa sobre o primeiro gênero, mas muito pouco se conhecia a respeito do Tropeognathus. Até agora.", afirmou a pesquisadora Taíssa Rodrigues (na foto à direita). Ela explicou que fósseis desses animais podem ser encontrados não só no Brasil, mas também em outras partes do mundo, como Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e China. "Isso demonstra como eles eram componentes faunísticos extremamente importantes durante o cretáceo de vários continentes", completou a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Nesse contexto, Kellner frisou a importância do país investir na pesquisa e estudo do assunto. "Está na hora do santo de casa fazer milagre. Quando nós falamos em termos de pterossauros, é o Brasil que se destaca", opinou, bem humorado. 

A equipe de paleontólogos, composta por três grupos de estudiosos de diferentes instituições brasileiras, contou com financiamento da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). O Acadêmico Jerson Lima, diretor científico da FAPERJ, estava presente na coletiva. 

O Acadêmico Jerson Lima ao lado de Cláudia Carvalho, diretora do Museu Nacional da UFRJ


Lugar de fóssil é no museu


Durante as falas, também foi ressaltada a importância do ensino como meio de preservação do patrimônio brasileiro. Campos - ex-professor de Kellner, o qual, por sua vez, já deu aulas para Rodrigues - afirmou que a maneira mais efetiva de proteção não só dos fósseis, mas do patrimônio paleontológico brasileiro como um todo, é a criação de competências em áreas específicas. "Nesse sentido, nós procuramos, desde o início, criar competência local. Realizamos inúmeras palestras em escolas da região da Chapada do Araripe e buscamos, em seguida, criar pequenos museus", contou. Um bem sucedido exemplo foi o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, que, sob responsabilidade da Universidade Regional do Cariri, conta com uma visitação acima do número de pessoas que vive no município e dispõe de um notável acervo de fósseis do Araripe. 
Ainda de acordo com Campos (na foto ao lado), a característica fundamental do museu é sua serventia à instrução das gerações futuras, figurando como um espaço informal de ensino. "Patrimônio é algo que, além de preservado e protegido, também deve ser mostrado. Mostrado no sentido de verificado, estudado e utilizado como meio de ensino. Nós trabalhamos não só para a sociedade de hoje, mas também para o futuro. E insisto: lugar de fóssil é no museu", concluiu. 


Exposição das descobertas


Para ler o estudo na íntegra, confira a publicação dos Anais da Academia Brasileira de Ciências da semana e, para saber mais informações sobre descobertas da paleontologia, acesse a coluna Caçadores de Fósseis (http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/cacadores-de-fosseis). 

Além disso, a partir do dia 22 de março de 2013, a sala de Paleontologia do Museu Nacional da UFRJ exibirá os exemplares descobertos. O visitante poderá não só conhecer peças originais e réplicas de diferentes pterossauros do mundo, mas também participar de uma atividade interativa de simulação do voo desses animais alados. Para mais informações, clique aqui


(Ana Siqueira, Academia Brasileira de Ciências)

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